Muitas pessoas me perguntam qual será meu próximo destino no exterior, e muitas vezes eu me pego pensando que nem sempre viajar para o exterior é a melhor opção, porque moramos no Brasil, e nosso país, com dimensões continentais nos oferece uma gama de opções incríveis e muito econômicas, e eu, viajante que sou, sou viciado no ecoturismo brasileiro, e sendo mais específico com vocês, montanhista de carteirinha.
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Hoje vou contar para vocês sobre a subida no Pico Paraná, o ponto mais alto do Sul do Brasil. Mas aí você pode me perguntar, é difícil subir uma montanha aqui no Brasil? Minha resposta: depende da tua “sede” em apreciar um rolê alternativo com vistas de tirar o fôlego! Mas sem muita demora vamos lá.
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Ser montanhista significa explorar e subir as mais diversas montanhas e morros, quer sejam eles não muito altos quer seja as altas montanhas nevadas como na Cordilheira dos Andes.
O Pico Paraná é considerado por muitos montanhistas experientes como uma montanha de nível médio para difícil dentro da realidade das montanhas brasileiras, devendo o montanhista superar os 1977m acima do nível do mar para se alcançar seu cume.
O Pico Paraná encontra-se na serra do mar no Estado do Paraná próximo ao município de Antonina. Como moro em Curitiba, a serra do mar paranaense é um local que além de muito preservada, possui inúmeras montanhas lindas muito próximas a capital do estado, sendo o acesso as suas trilhas muito prático e sem tomar muito tempo para quem deseja passar apenas um dia longe da selva de pedra.
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Você tem duas opções de caminho, através da BR 116 (Rodovia Régis Bittencourt) que liga Curitiba a São Paulo ou subindo pelo litoral paranaense, o que não recomendo principalmente se você não for muito experiente em fazer trilhas e subir montanhas.
Pela BR-116, passando o Posto do Tio Doca, entre à direita na Ponte do Rio Tucum, seguindo por 6 km passando pela Fazenda Pico Paraná e Fazenda Rio das Pedras até a base do IAT, final da estrada e início do acesso à trilha para o Pico Paraná e outros cumes daquela Unidade de Conservação, é só jogar no Google “Fazenda Pico Paraná” que você chegara no início da trilha.
Lá você irá se cadastrar, estacionar seu carro caso precise, pagará uma taxa irrisória de 15 reais, poderá ter acesso a banheiro com ducha, uma cantina com alguns lanches e pratos e área de camping. Agora
que já chegou no local aqui vai algumas considerações:
1) ITENS BÁSICOS PARA GARANTIR SUA SEGURANÇA:
- Ao menos uma lanterna por pessoa, celular, fonte externa de energia, isqueiro, recomendo não encarar a trilha sozinho;
- Pelomenos 4L de água por dia de trilha – nem sempre os pontos de captação de água estão disponíveis, principalmente se a época for de pouca chuva, fracionar com isotônicos pode ser uma ótima opção;
- Óculos de sol, bota impermeável, calça cumprida;
- Protetor solar, repelente de insetos;
- Dois pares de meia seca além das que irão serem usadas na trilha
- Blusa de frio de preferência impermeável e touca de frio, segunda pele tanto para o tórax como para as pernas;
- Comida fácil de ser preparada como por exemplo miojo, barras de cereal, barras de proteina, salame, frutas etc;
- Fogareiro, talheres, canivete e pratos plásticos de preferência não descartaveis;
- Isolante térmico, saco de dormir e barraca caso a opção seja dormir no cume ou nos pontos de parada;
- Sacos plásticos ou sacos impermeáveis para acondicionar roupa seca, roupas sujas e molhadas, e também para guardar o lixo;
- Luvas e bastão de caminhada
- Medicamentos necessários;
- Kit primeiros socorros
- Material de asseio pessoal como creme dental, escova de dente, lenço umedecido, papel higiênico etc;
2) Você carregará o “conforto” que deseja na montanha, então pense duas vezes em levar muito peso com coisas desnecessárias pois durante a trilha você irá carregar tudo o que você separou, e vai por mim, com dez minutos de trilha você pode estar arrependido de ter levado muita coisa;
3) O período recomendado para subir montanhas é o inverno próximo do mês de junho ate inicio de setembro pelo fato de termos um menor índice de chuvas. No verão fortes chuvas tornam as trilhas mais pesadas e também aumenta-se o número de animais peçonhentos como cobras e insetos;
4) As trilhas na serra do mar do Paraná são bem demarcadas por montanistas voluntários que todos os anos, mas se possível baixe algum aplicativo de trilhas como “backup” para sua segurança;
5) Se for sua primeira vez, contrate um guia, muitos resgates ocorrem na serra do mar do Paraná por conta da irresponsabilidade de trilheiros novatos que se aventuram nas trilhas sem um guia;
Agora que já te dei as dicas vamos começar. O trekking do Pico Paraná varia bastante entre terreno arenoso, lamacento, mata fechada, penhascos perigosos e troncos de árvores. Por isso, é uma trilha que você não consegue fazer de forma rápida, além de ser bem longa. Trechos que precisam de muito cuidado e cautela exigem esforço físico, mental e, claro, tempo. Em suma, é um trekking de nível difícil e você precisa ter preparo físico!
A trilha do Pico Paraná começa com uma subida no Morro do Getúlio em área arenosa e em meio à mata. Algumas pedras e partes ao sol faz a primeira hora parecer tranquila. Em seguida, você entra na parte mais fechada da trilha, com sombra, frescor, riachos. Mas aí também tem muita pedra, menos terreno regular, menos planície e um sobe e desce. A impressão é que às vezes não tem um caminho de fato.
A trilha toda é demarcada com fitas brancas em troncos de árvores, o que te guia para o caminho certo. Aos poucos, a mata vai ficando mais fechada, árvores enormes e troncos emaranhados começam dificultar o caminho. Você passa por riachos, pedras grandes e íngremes que precisam de ajuda de ganchos e cordas (disponíveis ali). Além de troncos e mais troncos de árvores que fazem da trilha uma sobe e desce cansativo pra quem está com mochila cargueira. No meio da trilha você consegue água nos riachos, mas lembre-se, no inverno alguns pontos podem estar semi-secos, então previna-se de uma desidratação e leve sua água.
Após algumas horas, você irá se deparar com o “vale das raízes”, um percurso de aproximadamente umas duas horas de sobe e desce junto com um emaranhado de troncos, galhos e raízes que descem o vale para então iniciar a subida no pico Paraná propriamente dito. Após finalizar esse percurso, você irá avistar as duas partes mais altas da montanha, e então começará a descer até chegar no divisor de águas: o elevador. Para quem não sabe, elevador no caso do montanhismo, é a parte em que há ganchos presos em rocha muito íngreme para que possa subir usando mãos e pernas ao mesmo tempo. No caso do Pico Paraná, são 3 trechos seguidos do outro e, abaixo, um penhasco. Em tempo de chuva e neblina é muito arriscado, pois tudo fica bastante escorregadio e a visibilidade não ajuda nos movimentos que precisam ser certeiros e firmes, imprescindíveis para sobrevivência.
É uma parte bem complicada e não é qualquer um que se arrisca a fazer. Já presenciei pessoas chegando no lugar e voltando para trás por conta do penhasco, acontece! Lembre-se de estabelecer seus limites e
não se aventurar em condição desnecessária. Após passar esse trecho, uma série de subidas por pedras e rochas te levam, após uns 30 minutos a mais de caminhada, até o tão esperado Abrigo 2, ou como
todos chamam “A2”. A maior parte dos trilheiros que dormem nesse trekking optam por dormir ali, no Abrigo 2. Ele está a uma hora de trilha até o cume do Pico, que por ter uma área pequena, limita o
número de barracas possíveis, aproximadamente 15 barracas no máximo.
Se você chegou ali meu amigo e minha amiga, agora é hora de “morder a faca” e subir o trecho mais sugado ate o cume! Aproximadamente mais uma hora de subida com a cargueira e prepare-se… você acaba de alcançar o ponto mais alto do Sul do Brasil!
Aprecie a vista e lembre-se do esforço que você fez para chegar ate ali!
Se você pretende acampar no cume precisará um pouco de sorte, pois como disse anteriormente o espaço é reduzido, mas eu particularmente sempre consegui por sair na madrugada da fazenda e chegar próximo as 12h. O por do sol, o nascer do sol e a noite com o céu estrelado são espetaculares!
O retorno nada muda, apenas cuide de seus joelhos e articulações inferiores para evitar entorses por conta de fraqueza. Alimente-se bem na noite anterior, tome um café da manha reforçado e lembre-se que sua mochila na volta estará mais leve que na ida. Lembre-se de não jogar seu lixo na natureza e de respeitar a coletividade no cume da montanha, você não estará sozinho por lá.
Espero que este artigo tenha lhe oferecido as informações básicas para você conhecer esse destino incrivelmente barato e que com toda certeza irá entrar para os anais de suas aventuras e experiências
marcantes em viagens!
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