Recentemente, o jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, chamou atenção para o cenário de preços elevados praticados por hospedagens em Belém (PA) durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 30, que será realizada em novembro. Segundo apuração publicada em sua coluna, algumas acomodações já ultrapassam a marca de R$ 2 milhões para o período de dez dias do evento.
A informação surge em meio a críticas feitas pelo próprio presidente da conferência, o diplomata André Corrêa do Lago, que classificou os valores como “extorsivos”. Em declaração recente, ele afirmou que existe uma “sensação de revolta dos países em desenvolvimento” diante dos altos preços praticados por hotéis e locações temporárias na capital paraense.
Alugue de milhões
Entre os anúncios identificados em sites de reservas como o Booking.com, destaca-se o caso de uma “Casa alto padrão COP30”, que está sendo ofertada por R$ 2,2 milhões. O imóvel acomoda até 16 pessoas e oferece itens como banheira de hidromassagem, piscina, Wi-Fi, estacionamento e TV de tela plana — características que, embora confortáveis, não justificariam, na avaliação de especialistas, os valores aplicados.
No mesmo portal, o hotel mais caro disponível para o período cobra R$ 109,8 mil por um quarto individual. Caso a hospedagem seja para um casal, o valor sobe para R$ 126,9 mil. No Airbnb, os preços também impressionam: quase 50 imóveis disponíveis ultrapassam a faixa dos R$ 200 mil para os dez dias de conferência, mesmo quando oferecem apenas duas camas.
Reação internacional
A escalada nos preços já provoca reações entre diplomatas e organizações internacionais envolvidas na COP 30. A expectativa é de que o evento atraia representantes de mais de 190 países, além de integrantes da sociedade civil, especialistas e jornalistas. A prática, segundo fontes do setor de hospitalidade, pode comprometer a imagem do país como anfitrião, especialmente ao dificultar o acesso de delegações de nações mais vulneráveis economicamente.
A COP 30 será realizada entre os dias 10 e 21 de novembro, em Belém, e deve reunir cerca de 70 mil pessoas. Organizações não governamentais e entidades ligadas ao turismo sustentável vêm alertando para a necessidade de políticas públicas e mediações que evitem especulações excessivas e garantam uma estrutura de recepção justa e acessível.