Fala galera, aqui é o Alexandre Bettiol de novo, dando continuidade as viagens baratas explorando o ecoturismo brasileiro, apresento a vocês a viagem para subida do Pico Marumbi, na Serra do Mar paranaense.
Como já contei em um blog anterior sobre a subida do Pico Paraná aqui no podviagem, a serra do mar paranaense é vasta, super preservada e possui montanhas exuberantes que possuem uma média de altitude de 1500 metros, possuindo o ponto mais alto do sul do Brasil, o majestoso Pico Paraná com seus 1877 metros de altitude. Para os montanhistas experientes, não se trata de uma alta montanha que apresenta características de ar rarefeito etc, mas considerando que a maioria das montanhas paranaenses estão localizadas na serra do mar, ou seja, com seu início próximo ao nível do mar, o seu desnível total nos presenteia com montanhas com faces e abismos com uma média de 500 a 1000 metros, o que torna a paisagem e a visão de tirar o fôlego. Mas chega de lenga lenga e vamos lá.

O Pico Marumbi está localizado próximo ao município de Morretes – PR, e possui uma altitude total de 1539 metros (cume Olimpo), e foi considerado a montanha mais alta do Paraná até a descoberta do Pico Paraná em 13 de julho de 1941. Outro fato curioso é que o Pico Marumbi é considerado como o berço do montanhismo e alpinismo esportivo do Brasil. Ele possui uma característica que o faz se destacar perante a maioria das montanhas no Brasil, que é a sua verticalidade, cheio de paredões e abismos. Diferente de outras montanhas paranaenses, para se chegar ao cume você em momento algum terá que descer vales, trilhas, rochedos etc, ao invés disso você sempre deverá ir para “o alto e avante”, o que o torna uma montanha cheia de escalaminhadas de dificuldade alta principalmente para montanhistas e alpinistas intermediários.
Para chegar até ele existem várias maneiras, a primeira se dá através da BR 277 saindo de Curitiba sentido litoral paranaense. Após transposição da serra do mar você deverá entrar a esquerda no Viaduto Dom Moacyr José Vitti que te levará ao município de Morretes. Ao fundo de Morretes você já vai se deparar com o que te espera. Vá com seu carro para o bairro Porto de Cima, que é o bairro que fica as margens do Rio Nhundiaquara e que possui uma estrada que te leva até a base do Pico Marumbi, chamada Estação Marumbi. Outro caminho pode ser através do caminho do Itupava, caminho esse que futuramente irei escrever tudo sobre. Esse caminho cruza a estrada de ferro no ponto chamado de “cadeado”. Do cadeado você irá pegar a direita na estrada de ferro, irá atravessas umas 15 pontes sobre abismos (não recomendo esse caminho nem para os considerados experientes) e após algumas horas você também chegará na estação Marumbi (base do Pico do Marumbi). Outra forma também e através do trem que sai de Morretes ou Curitiba e que tem uma de suas paradas a estação Marumbi.
Ates de iniciarmos a subida propriamente dita, vai aqui uma lista de itens abaixo considerados fundamentais para sua subida:
1) ITENS BÁSICOS PARA GARANTIR SUA SEGURANÇA:
- Ao menos uma lanterna por pessoa, celular, fonte externa de energia, isqueiro, recomendo não encarar a trilha sozinho;
- Ao menos 3L de água para a subida – existem pouquíssimos pontos de captação de água durante a subida, principalmente se a época for de pouca chuva, fracionar com isotônicos pode ser uma ótima opção;
- Óculos de sol, bota impermeável, calça cumprida;
- Protetor solar, repelente de insetos;
- Dois pares de meia seca além das que irão serem usadas na trilha
- Blusa de frio de preferência impermeável;
- Comida fácil de ser preparada como por exemplo miojo, barras de cereal, barras de proteína, salame, frutas etc;
- Fogareiro, talheres, canivete e pratos plásticos de preferência não descartáveis;
- Isolante térmico, saco de dormir e barraca caso a opção seja dormir na base (ultimamente o camping na base encontra-se fechado) ou nos campings em Porto de Cima;
- Sacos plásticos ou sacos impermeáveis para acondicionar roupa seca, roupas sujas e molhadas, e também para guardar o lixo;
- Luvas e bastão de caminhada, esse ultimo é mais utilizado no inicio da subida;
- Medicamentos necessários;
- Kit primeiros socorros
- Material de asseio pessoal como creme dental, escova de dente, lenço umedecido, papel higiênico etc;
2) Você carregará o “conforto” que deseja na montanha, então pense duas vezes em levar muito peso com coisas desnecessárias pois durante a trilha você irá carregar tudo o que você separou, lembrando que diferente do Pico Paraná onde é autorizado a dormir no topo, no Marumbi não é, uma boa mochila de ataque para a subida já será suficiente, e de preferência uma com Camelbak para a hidratação;
3) O período recomendado para subir montanhas é o inverno próximo do mês de junho ate inicio de setembro pelo fato de termos um menor índice de chuvas. No verão fortes chuvas tornam as trilhas mais pesadas e também aumenta-se o número de animais peçonhentos como cobras e insetos, e no marumbi ha vários registros de cobras jararacas na trilha, eu já subi no verão e NÃO recomendo;
4) As trilhas na serra do mar do Paraná são bem demarcadas por montanistas voluntários que todos os anos, mas se possível baixe algum aplicativo de trilhas como “backup” para sua segurança;
5) Se for sua primeira vez, contrate um guia, muitos resgates ocorrem na serra do mar do Paraná por conta da irresponsabilidade de trilheiros novatos que se aventuram nas trilhas sem um guia.

Aqui vou descrever o caminho subindo pelo município de Morretes, que é uma trilha mais leve. Do bairro Porto de cima é possível subir com um carro 4×4 até a estação Eng. Lange (distante 15min da estação Marumbi), caso você não tenha, o negócio é subir a pé aproximadamente 10 km em estrada de chão. Aqui vai uma dica para esse percurso: leve bastão de caminhada e no primeiro trevo que você se deparar vire a ESQUERDA.
Ao chegar no parque a primeira providência é preencher o cadastro de visitação, que permite ao administrador do Marumbi controlar o número de visitantes e sua localização, especialmente para o caso de acidentes. Este procedimento tem evitado acidentes e garantido um atendimento personalizado, visando a preservação da área e a segurança do visitante. Para pernoitar no parque a única opção é a área de camping situada na parte baixa, ao lado da administração, mas digo novamente, no momento que estou escrevendo este artigo a estação permanece FECHADA para camping, devendo os visitantes dormirem em outros lugares no bairro Porto de Cima ou efetuarem a subida em uma leva só.
O ponto mais alto do parque é o Olimpo, também conhecido como Pico do Marumbi, com 1.539 metros de altitude. Ele faz parte do chamado Conjunto Marumbi, que é formado por mais sete picos: Boa Vista (1.500 m), Gigante (1.487 m), Ponta do Tigre (1.400 m), Esfinge (1.378 m), Torre dos Sinos (1.280 m), Abrolhos (1.200 m) e Facãozinho (1.100 m). Existem cinco trilhas de acesso ao Conjunto Marumbi e todas elas estão marcadas com fitas plásticas amarradas nas árvores, com diferentes cores. Além disso, junto à administração do parque há um mapa que orienta os visitantes sobre o percurso, distância e tempo médio de realização de cada uma das trilhas. Como a região é muito chuvosa, é recomendável sempre entrar em contato com o parque antes de fazer a visita para saber sobre as condições das trilhas à época. Eventualmente elas são interditadas para recuperação ambiental.

As trilhas Frontal e Noroeste partem da estação Marumbi (460 m.) e chegam ao cume do Olimpo (1.539 m). O caminhante enfrentará um desnível de cerca de 1.100 m, em trilhas de inclinação bem acentuada, que não sobem em curva de nível devido às características do relevo local. As trilhas seguem, na maior parte do tempo, dentro da floresta, sobre raízes e rochas. Em determinados locais existe EXPOSIÇÃO COMPLETA sobre abismos, em outros a subida só é possível com o auxílio de correntes ou escadas (degraus) de ferro fixado nas rochas. O tempo de subida varia de acordo com o preparo físico de cada um, sendo comum não se conseguir alcançar o cume a tempo e ter que iniciar a descida, sob o risco de perder o trem da volta, que parte do Marumbi às 16h30.

Para os que gostam de escalar, o Marumbi é um dos grandes centros de escalada em rocha do Brasil. As primeira vias começaram a surgir na década de 40 e hoje o parque conta com mais de 100 vias, com comprimentos que variam de 20 a 350 metros. A maioria das vias locais foram conquistadas por integrantes do Grupo Cosmo – Corpo de Socorro em Montanha, uma associação civil sem fins lucrativos criada em 1996. O grupo é formado por montanhistas voluntários que tem um trabalho reconhecido nacionalmente voltado para a prevenção de acidentes, resgate de acidentados, busca de perdidos, manutenção e conservação de trilhas e vias de escalada. Eles atuam como força auxiliar ao Corpo de Bombeiros do Paraná e do Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas do Paraná, o qual eu pertenço.
Como dica de quem já subiu mais de 12 vezes o complexo Marumbi, acorde cedo, inicie a trilha por volta das 04h00min da manha (saindo de porto de cima) e por volta das 05h30min saindo da estação Marumbi. Dependendo da ordem e das trilhas que você seguir será o tempo que você irá levar, se seu preparo físico for bom o trajeto todo poderá ser completado dentro de umas 6h a 8h, caso contrario esse tempo pode se estender para até o por do sol, o que eu não recomendo por conta da dificuldade própria que o Pico Marumbi oferece. Lembre-se de apreciar cada cume mas não perca muito tempo neles, hidratando-se, alimentando-se e partindo em tempo hábil.

Apesar de todos os alertas descritos acima e dificuldades, a aventura é extremamente barata, a subida é surpreendente contando com vários visuais ALUCINANTES, tendo ao fundo o “mar de nuvens”, comumente chamado assim por conta da camada de nuvens que o montanhista ultrapassa durante a subida de acordo com as condições climáticas, e principalmente a visão de toda a baía de Paranaguá em qualquer um dos cumes do Complexo Marumbi.
Finalizando, depois que subi a primeira vez nunca mais deixei de explorar o Complexo Marumbi quase que todos os anos, e garanto a todos os leitores aqui do Podviagem, eu já estive nos Alpes Suíços, no Monte Fuji, na cadeia montanhosa da Transilvânia na Romênia famosa por seu relevo, e garanto, que nossa Serra do Mar no Paraná não perde em nada em beleza ficando aqui no quintal de nossa casa!
Boa subida a todos! Alexandre Bettiol – Podviagem